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ADIR PACHECO
Escritor, poeta, contista e cronista.
Comenda Nelson Mandela
Natural de Lauro Muller, SC.
Estudante de Direito na Estácio de Sá. Reside em Florianópolis.
O poeta Adir Pacheco, de 70 anos, morreu nesta segunda-feira
(13/02/2023) em Florianópolis. Segundo um amigo próximo, o historiador Fábio Garcia, o escritor foi vítima de um câncer.
VENTOS DO SUL. Revista do Grupo de Poetas Livres. Florianópolis, SC: Ano VI, Julho – Dezembro 2004. No. 23
Ex. bibl. Antonio Miranda
CANTO NAGÔ
Ritmos, cantos, atabaques, é o som da alegria
Em momentos da senzala na esperança da alforria.
Sorri a mãe preta na dança gingada,
Esquecemos os tormentos de su´alma cansada.
E o negro se transforma no ritmo, na dança
Que o sorriso criança domina-lhe a face
Que cansada renova-se.
E canta, canta e canta, a alegria da vida
Esquecendo a liberdade perdida
Muito além destes mares.
E neste cantar, instantes de glória
No assédio da negra que à palhas espera.
No celeiro, a sensualidade nos abraços, na entrega
Da negra dengosa, que fogosa se perde
No afago do seu negro
Agora "Senhor".
Ah! Quanto ardor nesta entrega.
Espaço tempo infinito
Tão pleno de amor reprimido.
E neste encontro do céu com a terra,
Fundem-se corpos e almas
Dormentes na dor.
...E me vejo ante a senzala,
crianças brincando inocentes.
...E a voz se cala,
ante mãe-preta mostrando seus dentes,
no riso solto de rosto bonito
sofrimento contido entre sons e atabaques.
No seu grito, no seu canto de glória,
O negro se faz livre no culto a Xangô,
E se entrega a Oxalá e seus Orixãs,
Cantando Ilê, Banto e Nagô.
(Canto)
Caô! Meu pai Xangô!
Peça a Oxalá, pra aliviar
A minha dor.
*
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Página publicada em março de 2023
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